quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cíclico


Sim! Eu
posso sair e entrar sem pedir licença.
Posso contrafazer o feito que desfeito se fez.
Contumaz e conturbado
provando todos os sabores inquietamente
com um leve desespero
procurando por um alento
que me leve para longe cada vez mais.
Longe do caos da vida
que se retorna de tempos em tempos!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Trans-fi-gu-ra-ção



A vida pode ser tudo ou nada em diversas circunstâncias. Todos os dias nascemos, morremos e voltamos a ter uma nova vida lúdica. Como um jogo que recomeçamos a cada fase perdida ou superada. As cartas são dadas em determinados momentos e temos que entrar na dança, esquecer o passado e nos renovar com uma nova linguagem, uma nova imagem. 
A vida às vezes pode ser hostil e exigir destreza dos jogadores que devem compreender que às vezes é necessário morrer para viver. "O destino principia, se acaba sempre em pó...", morrer e renascer mais forte, encontrar força na mais profunda fraqueza, nos amadurecer com a morte, decifrando sua multiplicidade. Ter um amadurecimento como o das frutas, aí você diz: - mas as frutas apodrecem! e nós também, acontece quando morremos para testemunhar a vida.




sábado, 25 de setembro de 2010

Desabafo


As vezes palavras só fazem mal, isso acontece quando os atos valem mais que certas palavras. Afinal de contas de que adianta falar uma coisa que não vai de fato se concretizar, e certas intenções, sejam elas boas ou não a gente pode ver no olhar, e isso se torna mais importante...

"Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­,
Eterna verdade vazia e perfeita!"


Lisbon Revisited

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Darling!!


"...Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo que os ares agita,

Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro.

Num laço de fita."


O laço de fita, CASTRO ALVES




Do telhado da casa só faltava sair fumaça, as ruas estavam monótonas, podia-se ouvir as folhas do calendário inquietamente querendo voar. Vontade de que o tempo passe rápido.
Ao entrar pela porta da frente, encontraria com ela.
E lá estava com o corpo meio deitado, apoiando um livro no queixo, as unhas solferinas tocavam a capa no ritmo da música.
"... here comes the sun".
Era mesmo estranha essa menina, mistura de anjo com diabo, de doce, amargo e azedo no final. Naquela tarde quente ela buscava em vão ficar plenamente tranquila com a calmaria que a cercava. Tenvava disciplinar os pensamentos mantendo-os no caminho preestabelecido, assim como uma locomotiva em seus trilhos.
Porém essa locomotiva andava meio desregulada, desnorteada, emitindo sons estranhos, e seus trilhos estavam soltos cheios de curvas.
Sentindo um sabor agridoce, bem do jeito que ela gostava, podíamos sentir saudade de nós mesma.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sádico, mágico...

E então voltou a chover. Enquanto ele falava eu levava o copo na boca e observava as gotas de chuva que caia em seu joelho... Não parecíamos estar nem um pouco estar nos importando se estávamos molhando, se estava frio, calor o escambau.
Porque quando estamos do lado de alguém especial nada disso parece importar mais!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sinfonia dos Amaldiçoados


"Hei de dormir, mas não descansar.
Eu me preparo para a batalha, não a do corpo, e sim a da mente.
Entorpecido , duelarei com minhas identidades mais fracas, aniquilarei toda a lembrança que faz de mim menos do que eu deveria ser..."

- Os ritos do Dragão


Sinfonia dos Amaldiçoados

Sedimentar


A cada hora abrem-se as cortinas com uma nova representação e novo cenário. Todos os traços devem ser bem contornados, do perfeito ao imperfeito.
São fios que flutuam e se enlaçam, laços apertados, complexos, frageis e problemáticos. Ora numa necessidade de se apertar mais e mais, ora de se distanciar a nós e nós, nó.
E assim se segue, mil horas sem fim, um novo preludio a cada minuto até que as cortinas se fechem para que se possa abrir novamente...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Junto ao receio, egoísmo e orgulho ela vem cada vez mais forte, mostrando o quanto ainda sou fraca. Arrasta lentamente meu corpo jogando-o em um abismo. Ouço o som das vísceras sendo dilacerada por pontas de enormes pedras. Ouço o seu sibilante sussurrar, agora tudo ficará bem...

...Pronto
um, dois...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Auire"


Porque mesmo que não seja pra longe é sempre bom viajar e sentir aquela nostalgia que a estrada nos traz. E ela se renova a cada viajante quer por ela passa deixando suas marcas, seus sentimentos em casa pedacinho.
Conhecer de perto a simplicidade de um povo que sabe viver com pouco e sempre se encontra porfiando sem deixar seu sorriso jocoso de lado.
Povo este que quando recebe visita de desconhecidos, abre a porta de sua moradia com enorme cordialidade.
Vivendo bem com e com essa simplicidade e alegria, assim foi aquele dia intenso de pescaria. Um senhor de rosto mapeado tentava ensinar o melhor lugar e jeito de jogar o anzol. Eu e minha família com uma tralha de pesca valiosa e bem montada com iscas artificiais, molinete, diversos castores, linhas... material de primeira para aquele lugar, pena que os peixes não achavam isso. Enquanto esperávamos o tal peixe, os nativos bisonho ganhavam de 10x0 com suas varinhas de bambu, linha e anzol nada mais.
Toda a singeleza era o convite de volta, o atravessador nos deixou a outra margem do rio com o sol baixo, entra não entra com uma esquadrilha da amizade em sua cor solferina.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Dar de Ombros



" A gente não parte, retoma o caminho e carregando meu vicio, o vicio que lançou raízes de dor ao meu lado desde a idade da razão, e sobe ao céu, me bate, me derruba, me arrasta. A última inocência e a última timidez. Está dito. Não levar ao mundo mais dissabores e minhas traições."

RIMBAUD


E todos os dias no mesmo horário cumpriria o ritual de dar corda ao relógio continuando a vida, e dentro de cada badalar estaria a minha existência num toque seco e áspero e com uma mesma fragilidade. Porque assim que é! No começo tudo pode parecer ou até ser belo, porem mais cedo ou mais tarde restaria apenas lembranças amargas, como sempre são. Chego a conclusão de que não sei muita coisa, mas muito desconfio, e tudo é sempre de maneira calculada. Todos os desapontamentos, silencio e solidão desenha meu contorno. E antes que ser torne mais amargo esquecerei facilmente de puxar a corda...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Agridoce

Tudo fica quieto. De repente um som de um rádio bem longe quebra o silêncio fazendo todo um reboliço nas com ideia que transitavam inocentemente. A garganta dói com o aperto do nó que se torna cada vez mais forte, engolindo a seco com sabor agridoce. Bate uma saudade daquela estrada que parecia não ter fim, os olhares inocentes contando os Ipês, descrevendo a cor da terra. Ver o Sol nascer alegre e morrer triste em um triste fim de tarde. Sentir a esperança brotar com o brilho do luar e comemorar conseguir guardar o segredo da estrela cadente. Ser vencido pelo choro no telefone ao ouvir a voz de uma pessoa especial que pode estar longe e perto ao mesmo tempo e ficar feliz por isso! E ter logo depois uma mão que desliga o rádio e que apagam a luz. Me viro cobrindo a orelha com o cobertor, sentindo o nó se desatar vagarosamente(...)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ego


O que vou escrever agora é uma adaptação de um conto fictício de uma menina em que senti uma grande empatia por ela, portanto vão ter várias frases emprestadas. A primeira não podia ser melhor pra se começar. "Era uma vez uma menina que não sabia qual o seu lugar no mundo". Realmente pode até parecer absurdo e um tanto de egoísmo por existirem pessoas em situações piores. Tenho meus momentos de euforia mas logo caio em mim e vejo que vai acabar como tudo acaba " pior ainda - no negrume da morte" Queriam que eu fosse obediente e atenta "(...) e que eu domasse a letra que caia em garranchos no papel, (...) roendo a ponta do lápis sonhava que um amado viria, no futuro não muito remoto, libertar-la do destino de ser incompetente e inadaptada e de poder fazer o que queria" Mas afinal, o que queria? Penso que me faltou ou que passou alguma coisa em mim, e agora procuro consolo nessa última citação: " Se me castigaram tanto, e são pessoas boas, e me amam como dizem, com certeza devo ser muito má." Eu queria que me ouvissem sem que eu precise falar, e que não me julguem, queria ainda poder pedir desculpas e acreditar que isso resolveria alguma coisa...

Trechos retirados da Obra "O rio do meio" de Lya Luft.

Distração


O vento frio entra pela janela trazendo as gotículas da chuva. A folha de papel cai sobre o chão em um voo dançante. Sinto como se todos os meus orgaos do corpo se movimentassem em perfeita harmonia. Por uns instantes acredito que tudo esta em seu devido lugar. Mas agora fecharam as janelas!

Gurizada


Percebo que realmente odeio criONÇAS. A professora inocentemente abre a jaula e uma gurizada saem com os olhinhos brilhando e com sede de travessuras. E é um corre daqui, esconde dali, pula, pendura em árvores, mesas e grades. Atiram seus brinquedos pra todos os lados, ou melhor, suas garras, espinhos, venenos e ferroes. Eu permaneço imobilizada pela tal cena de terrorismo que elas me causam, permaneço sentada só observando. De repente vem uma criaturinha e senta-se do meu lado esquerdo, acho que ela esperava que eu fizesse algumas daquelas gesticulações bobas, ou ao menos que eu conversasse um pouco. Mas não sou capaz disso ainda, não atingi tal ponto de loucura, não consigo parar de olhar as perebas em um dos braços e um calombo enorme no olho direito. Enfim ela vai embora, porem não demora e volta com uma amiguinha pra me atordoar ainda mais, como se não bastasse começa a puxar assunto, um inofensível "Oi" que poderia ser trágico. Respondo um um sorriso super amarelo e não falo mais nada pra que a mesma num crie nenhum tipo de afeição. Vejo que é hora de recuar, dar mais um passo pra trás e apenas ficar vendo os pais apanhar seus respectivos filhotinhos!

terça-feira, 16 de março de 2010

Incandescência


Era mais uma manhã ou apenas parecia ser só mais uma manhã. A fina chuva caia e eu ouvia o zumbido da abelha que incansavelmente continua na árdua tarefa de atravessar o vidro da janela. De repente quebrando todo o gelo daquela manhã acinzentada, surge ela segurando delicadamente o seu guarda-chuva . Pude imaginar por alguns segundos o som de seus passos tocando o a escorregadia e molhada calçada. Ela embelezava a escura roupa que trajada com sua bela e aveludada pele branca. Os seus olhos eram grandes e negros e por um segundo eles se distraíram e viu uma pequena fresta pela janela. Saiu por ali mesmo em mais um voo, sentindo toda a liberdade e provando o sabor do vento frio que toca seu rosto!

"Distraídos Venceremos"



Apenas um pouco de silêncio e nada mais, sem exigir nada um do outro. E em uma leve distração me sinto como o personagem do filme e posso dizer espontaneamente 'que estou exatamente onde gostaria de estar'!!

... e preencher sem fazer volume!

sábado, 6 de março de 2010

Efémero!


Vejo a folha de papel amassada no canto da mesa, olho na janela e vejo mais um dia que se passa, um singular entardecer e uma infinita aflição em pensar o quanto pode ser frágil uma vida!
E é o que me fez concluir que viver é mesmo passar por encontros casuais ou não dia após dia, e continuar subindo pelo lado que desce, perdendo e ganhando. Porque as vezes é mesmo preciso perder pra se ganhar.
E talvez pensando assim posso me sentir feliz...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quimeria ou não?


Pude sentir o toque dos seus dedos em meu corpo horas depois, olhava através dos espelhos pra não perder o seu rosto da memória. Aquele abraço era tão confortável como abraçar uma toalha recém passada em um dia frio. Por muitos dias o procurei, podia sentir o cheiro, ouvir sua voz chamando, lembrava plenamente do seu olhar no meu!
Me enganei algumas vezes, e agora n consigo mais ouvir, sentir...
acho que posso ter encontrado!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Gui...


Primeiro um convite pra ir na tal "Noite dos Sádicos", aceito e quando chega o dia quem me convidou não pode ir. Nada que tenha me impedido de ir, já fazia tempo mesmo que não ia em um show e Spiritual Carnage iria tocar, e é como eu já disse aqui 'Eu gosto e daí?' Foi bom ver eles tocarem de novo, apesar de que o show em geral não foi dos melhores deu pra eu rir bastante e a bebida era 'free'. Alias free o caramba já que o show não valeu nem metade do valor do ingresso. Bebi muito e saí de lá com o guitarrista do Spiritual. Fomos pra um bar beber mais, nos perdemos a caminho do fim do mundo, entramos em um beco e demos de cara com a policia, enfim cheguei 'sã e salva' (alias acho que só salva). Capotei em minha cama, acordei atrasada pra fazer a tal prova no enem. Quando voltei pra casa depois de tomar chuva e do flamengo ser campeão (sei que não tem nada a ver falar do flamengo, mas não podia deixar de lembrar disso), tomo um merecido banho e deito em minha cama. Dou um forte suspiro com a sensação de 'Ufa, acabou!' Até que que o telefone toca trazendo uma mensagem de que muitas coisas 'spiritualisticas' virão por aí. E realmente é o que vem acontecendo até hoje, só bons momentos cheios de surpresinhas deliciosas!


E é como disse a mãe de Gump: "A vida é como uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que vai encontrar"

domingo, 31 de janeiro de 2010

Ego


Orgulhosamente me calo. Levanto a cabeça sem me enfraqueçer. Se esbarro em alguém continuo caminhando a passos firmes. Agora é orgulho por orgulho, um ferindo o outro!
Agora não é mais só o meu orgulho que criou um muro alto em que você não consegue chegar até mim!

Imagem de Tiago Nery: http://tiagonerydesenhos.carbonmade.com/